Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne, Paris, 2021
Pensar os laços sociais na América Ibérica. Linguagens, experiências e temporalidades (Século XVI – século XXI)
Temos o prazer de convidá-los à participar do XIX Congresso da AHILA que ocorrerá em Paris de 24 à 27 de agosto de 2021. A Universidade Paris 1 – Panthéon-Sorbonne e o Campus Condorcet - que então será o maior centro europeu de pesquisas em Ciências Sociais – acolherão os simpósios e as conferências em torno da temática dos laços sociais, de suas linguagens, experiências e temporalidades na América Ibérica.
Da época da Conquista e da colonização aos nossos dias, os laços sociais foram extraordinariamente intensos, complexos e conflituais na América Ibérica. É possível explorar a linguagem social da solidariedade e da desunião, e de se interrogar como, desde o fim do século XIX, as ciências e a psicologia social oscilaram entre discursos, enquetes e conceitualizações segundo uma tentativa sempre renovada de dar conta das especificidades, das patologias e das adaptações de sociedades de mais a mais diverisificadas. Enquanto elemento substancial do laço social, a memória coletiva pode ser abordada segundo uma perspectiva historiográfica que explora a diversidade de seus motivos e de suas manifestações ao longo dos cinco últimos séculos.
Durante toda a época colonial e além desta, a religião católica, com seus monges e seus padres, suas crenças, símbolos e ritos coletivos, suas confrarias e seus hospitais, gerou práticas do viver juntos e das expressões de sincretismo, ela igualmente formulou discursos normativos e fez da família sacralizada o fundamento da ordem social e política. Paralelamente, atores de origem social e étnica muito diversas se apropriaram do direito e da justiça para afrontar a multitude de fricções, disputas e conflitos da vida cotidiana. Numerosas foram as revoltas surgindo de identidades e de reveindicações coletivas contra outros grupos igualmente solidários, enquanto que os escravos fugitivos construíam comunidades da qual a marginalidade não os impedia de produzir formas específicas de laço social.
Desde o século XIX, a irupção da modernidade política e o advento do indivíduo, a diversificação das economias, a imigração européia e asiática, a urbanização e os processos de secularização transformaram profundamente tanto a linguagem quanto as experiências do social. O universo das relações de proximidade se dissociou das trocas econômicas. O trabalho assalariado e a fábrica, as associações mutualistas e os sindicatos surgiram como lugares de interdependência social. A “questão social” se pôs como ameaça contra a ordem social enquanto que o rádio, o cinema, os esportes criavam imagens e espaços inéditos de solidariedade e de trocas socio-cultural. Enfim, convém de se interrogar sobre o papel desempenhado pelos mais diversos meios de comunicação – e até os dias atuais – na construção, na renovação e na preservação dos laços sociais.